O Jeca e a Freira é o 20o filme da carreira de Mazzaropi.
Diz-se que neste filme, lançado em janeiro de 1968, Mazzaropi quis fazer uma obra diferente, mas não muito.
A história desta vez acontece no século 19, diferente dos outros dois filmes anteriores que aconteciam no tempo atual de quando foram feitos.
Também para diferenciar dos dois, O Corintiano (1966) e O Puritano da Rua Augusta (1965), a história não é urbana, não aparece cidade, acontece no ambiente rural, na roça, e um dos cenários escolhidos é a sede de uma fazenda centenária localizada no município de Taubaté, próxima ao lugar onde ele construiria, anos depois, os estúdios da PAM Filmes.
O Cenário do Filme
A fazenda ainda existe e dá para ser avistada da estrada para quem vai em direção aos atuais Hotel e Museu Mazzaropi. No meio da descida de chegada, à direita, vê-se bem o casarão sede da fazenda e as escadarias onde foram rodadas várias cenas do filme.
A fazenda é propriedade particular e está fechada à visitação.
As demais cenas de interior e paisagens naturais foram rodadas na Fazenda da Santa, cerca de 7 km para frente, em estrada de terra, na roça, onde ficava o primeiro estúdio.
Primórdios dos Filmes Coloridos
Outra diferença era o fato deste filme ser colorido. Filme nacional colorido ainda eram muito poucos, o próprio Mazzaropi só tinha feito dois filmes a cores alguns anos antes e voltado para o preto e branco porque era caro e trabalhoso: o lugar mais perto para revelar filme colorido era o México e demandava uma complexa operação de envio dos filmes, por avião, fazer chegar em ordem no laboratório com muito cuidado, evitando calor, luz e choques.
Uma vez pronto, voltava todo o material, negativo e positivo e só então ia se saber se tinha ficado bom ou se precisava refazer cenas. Para assistir ao filme bruto, a equipe alugava um cinema em Taubaté que era liberado depois da última sessão da noite.
As Dificuldades da Produção Analógica
Para diminuir o risco de alguma coisa dar errado durante as filmagens era preciso um time bom, técnico e competente para evitar o prejuízo de refazer cenas, o que significaria chamar os atores de volta, remontar cenários, figurinos… uma tarefa quase impossível e de alto custo. Também não dava para fazer várias tomadas da mesma cena para depois escolher a melhor luz porque película era cara e a revelação também.
Assim era o cinema (‘nada’) colorido daquela época.
Laboratório REX
E mesmo com essas dificuldades, a partir deste filme, os seguintes foram sempre coloridos, porque o Brasil começava nessa época (anos 60) a revelar as películas coloridas com qualidade, em São Paulo, o Laboratório REX e suas “novas tecnologias de cor”.
Mazzaropi em Cores no Cinema
Mazzaropi sabia que seu público preferia vê-lo a cores e, para compensar os custos mais altos, ele passou a cobrar 60%, ao invés de 50%, na participação do resultado das bilheterias dos cinemas, como nos contou o responsável pela montagem do filme, o professor Máximo Barro, em sua entrevista para a memória do Museu Mazzaropi.
O público recebeu bem o filme e, novamente, como diz o caipira, salvou a lavoura.
Assista uma Cena de "O Jeca e a Freira"
Serviço
O Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:
Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim
Telefone: (12) 3634-3446
Horários: aberto aos sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Agendamento de grupos de terça-feira a domingo das 9h às 16h.
Ingressos: R$11,00 (inteira) e R$6,00 (meia entrada para estudantes, professores, idosos acima dos 60 anos e pessoas com deficiência).