Por que 19 de junho é o Dia do Cinema Nacional?
O Dia do Cinema Nacional é celebrado em 19 de junho em homenagem à data em que foi realizada a primeira filmagem brasileira da qual se tem registro: o documentário “Uma Vista da Baía de Guanabara”, de 1898, produzido por Afonso Segreto, considerado o primeiro cinegrafista do Brasil.
Essa filmagem marcou o início da trajetória cinematográfica brasileira, dando origem a uma arte que, mesmo enfrentando altos e baixos, resistiu e cresceu, formando uma identidade própria e revelando talentos únicos ao longo das décadas.
As fases do cinema brasileiro
A história do cinema nacional é dividida em fases que refletem as transformações sociais, políticas, tecnológicas e culturais do Brasil. Conheça as principais:
1. Cinema Mudo (1898–1930)
O marco inicial foi a filmagem “Uma Vista da Baía de Guanabara” (1898), de Afonso Segreto.
Outros nomes importantes da época incluem Humberto Mauro, com “Braza Dormida” (1928) e “Sangue Mineiro” (1929). Essa fase era marcada por filmes curtos, documentais ou de ficção rudimentar, e muitos deles eram exibidos em sessões itinerantes.
2. Cinema Sonoro e de Estúdios (1930–1950)
Com a chegada do som, o cinema nacional se consolidou com produções mais robustas. Destaque para os estúdios:
Cinédia, com “Alô, Alô Carnaval” (1936), de Adhemar Gonzaga,
Atlântida Cinematográfica, famosa pelas chanchadas, como “Moleque Tião” (1943) e “Este Mundo é um Pandeiro” (1947).
Nessa fase surgiram astros populares como Grande Otelo, Oscarito e Eliana.- Além disso, o cinema carioca, com sua força e alcance nacional, estimulou a criação de novos polos cinematográficos. Foi nesse contexto que surgiu a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (SP), com o objetivo de profissionalizar e descentralizar a produção brasileira. A Vera Cruz foi responsável por lançar Amácio Mazzaropi no cinema, com o filme Sai da Frente (1952), marcando o início de uma das carreiras mais populares da história do cinema nacional.
3. Era de Ouro e o Cinema Novo (1950–1970)
Foi o período mais intenso e variado. Teve dois movimentos fortes:
Comédia popular: onde brilharam artistas como Amácio Mazzaropi, com sucessos como “Jeca Tatu” (1959) e “O Corintiano” (1966), atraindo milhões de espectadores com seu humor rural e acessível.
Cinema Novo: movimento artístico-político que buscava retratar o Brasil real, com temas sociais. Grandes nomes:
Nelson Pereira dos Santos – “Vidas Secas” (1963)
Glauber Rocha – “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964)
Ruy Guerra – “Os Fuzis” (1964)
4. Crise e fim da Embrafilme (1980–1990)
Com o fim da Embrafilme nos anos 1990 e falta de incentivo público, a produção nacional caiu drasticamente. Mesmo assim, surgiram obras marcantes como:
“Pixote: A Lei do Mais Fraco” (1981), de Hector Babenco
“Bye Bye Brasil” (1979), de Cacá Diegues
5. Retomada e Nova Geração (1995–atualmente)
Com a criação da Lei do Audiovisual, o cinema voltou a crescer.
Filmes premiados e populares marcaram essa fase:
“Central do Brasil” (1998), de Walter Salles
“Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles
“Tropa de Elite” (2007), de José Padilha
“Que Horas Ela Volta?” (2015), de Anna Muylaert
O papel de Amácio Mazzaropi no cinema brasileiro

É impossível contar a história do cinema nacional sem citar Amácio Mazzaropi, um dos nomes mais importantes da cinematografia brasileira. Por cerca de 30 anos consecutivos, Mazzaropi foi o cineasta mais popular do país, com 32 filmes lançados entre 1952 e 1980 e mais de 160 milhões de ingressos vendidos em todo o Brasil.
Além de protagonizar e produzir seus próprios filmes, Mazzaropi foi também um empreendedor visionário. Fundou a PAM Filmes, um estúdio de cinema completo, em Taubaté (SP), onde produziu a maior parte de sua filmografia. O espaço contava com tecnologia de ponta para a época, muitos dos equipamentos eram importados da Europa e dos Estados Unidos — algo raro no Brasil nos anos 1960.
Mas Mazzaropi foi além: trabalhou com técnicos estrangeiros altamente qualificados em suas produções, o que elevou o padrão técnico de seus filmes. Assim, o legado de Mazzaropi vai muito além das telas — ele também contribuiu diretamente para o desenvolvimento da indústria cinematográfica brasileira.
Mazzaropi: o maior bilheteiro do cinema nacional

O sucesso de bilheteria de Mazzaropi é um fenômeno até hoje. Estima-se que seus maiores sucessos, como Jeca Tatu e Casinha Pequenina, venderam cerca de 8 milhões de ingressos cada, números que colocam essas obras entre os filmes brasileiros mais vistos de todos os tempos.
Enquanto muitos filmes comerciais contemporâneos contam com centenas de salas e campanhas milionárias, Mazzaropi alcançava públicos igualmente expressivos com menos salas de exibição, demonstrando o poder de seu carisma e a identificação do público com seus personagens caipiras, humanos e genuinamente brasileiros.
Assista Filme do Mazzaropi Grátis
O legado preservado no Museu Mazzaropi
Hoje, esse legado segue vivo graças ao trabalho do Instituto Mazzaropi, responsável pela manutenção do Museu Mazzaropi, localizado no mesmo espaço onde funcionou a PAM Filmes, em Taubaté/SP. O museu abriga mais de 20 mil itens do acervo pessoal e profissional de Mazzaropi, incluindo câmeras, figurinos, roteiros, documentos e equipamentos originais de filmagem.
O Museu Mazzaropi não é apenas um espaço de memória: é também um centro ativo de cultura, educação e preservação da história do cinema brasileiro, recebendo milhares de visitantes por ano, promovendo oficinas, exposições, sessões de cinema e eventos como a Semana Mazzaropi, que em 2025 chegou à sua 30ª edição.
O Dia do Cinema Nacional é também o dia de celebrar Mazzaropi
Neste 19 de junho, ao celebrarmos o Dia do Cinema Nacional, celebramos também todos os que construíram com amor, esforço e autenticidade a história do cinema brasileiro. Poucos representam isso como Amácio Mazzaropi, um artista completo, empresário destemido e verdadeiro símbolo da cultura popular nacional.
Se você ainda não conhece a história de Mazzaropi, venha visitar o Museu Mazzaropi, viva essa experiência e descubra por que ele continua sendo, até hoje, um dos maiores nomes da história do cinema no Brasil.
Serviço
O Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:
Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim
Telefone: (12) 3634-3446
Horários: aberto aos sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Agendamento de grupos de terça-feira a domingo das 9h às 16h.
Ingressos: R$11,00 (inteira) e R$6,00 (meia entrada para estudantes, professores, idosos acima dos 60 anos e pessoas com deficiência).
Ingressos para grupos agendados: Valor fixo de R$12 por pessoa.
Obs: grupos agendados desfrutam de monitoria personalizada e podem ser atendidos em horários exclusivos.