Neste 16o filme da carreira, de 1963, Mazzaropi satiriza o cinema do cangaço que fazia sucesso há uma década no país e no mundo: O Cangaceiro (1953) tinha sido muito bem recebido no exterior. Tinha ganho o Festival de Cannes e ficou cinco anos em cartaz na França.
Vários filmes se sucederam sobre o tema e, em 1961, A morte comanda o cangaço (1960) tinha sido indicado para representar o Brasil no Oscar, mas não foi selecionado. E dois anos antes de Mazzaropi fazer sua versão do cangaço, já havia uma comédia sobre o tema: Os cangaceiros, de 1961, com Ronald Golias, Ankito, Grande Otelo e Neide Aparecida que tinha tido sucesso nas bilheterias. O filme era dirigido por Victor Lima, o mesmo que havia dirigido Mazzaropi em Chico Fumaça (1956) e Noivo da Girafa (1957).
Esses fatos certamente encorajaram Mazzaropi a fazer seu filme.
Parodiando a figura do cangaceiro mais conhecido e temido, cujo nome era Lampião, Mazzaropi é Lamparina e seu inimigo na fita é Candieiro.
O filme foi rodado nos cenários da Fazenda Santa, em Taubaté, e locais próximos como a Igreja dos Remédios, casarios da fazenda e do entorno. O rio Una, que aparece em várias cenas, passa na frente da Fazenda Santa e é o principal rio de Taubaté.
Elenco e Técnicos de Ponta
A casa da “viúva” de Lamparina era, na verdade, um lugar com vários quartos e banheiros onde ficavam as atrizes durante as filmagens. Mazzaropi separava as mulheres dos homens na hora de dormir para evitar “problemas de sono”. A equipe zombava da proibição chamando o lugar de “Solar das Virgens”.
Como lembra o diretor, Glauco Mirko Laurelli, O Lamparina foi o primeiro filme rodado na Fazenda Santa, com equipamento alugado da Vera Cruz. Ainda não existia o estúdio, só a fazenda e a produtora PAM Filmes e mais nada. Por isso, não há cenas internas, nem cenários construídos, exceto o bar do português. Tudo foi gravado ao ar livre, tal como era. Uma lição de cinema realizada por uma equipe de excelentes técnicos que resolviam os problemas assim que apareciam e um elenco de ótimos atores e atrizes que Mazzaropi sabia ser importante para o sucesso da película.

Exibição Lotou o Cinema
Nos anos 2.000, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro promoveu uma Mostra de filmes do cangaço e solicitou ao Museu Mazzaropi a permissão para exibir O Lamparina e, em contrapartida, ofereciam uma cópia nova do filme para arquivo. Segundo nos contou o curador da Mostra, Hernani Heffner, gerente da Cinemateca do MAM Rio, no dia marcado para passar o filme, ele chegou no museu e estranhou o silêncio e a ausência de visitantes e até a falta de alguns funcionários. Foi direto para a sala de exibição para saber por que tinham cancelado a sessão.
A sala estava lotada como em nenhum outro filme da Mostra.
Assista "O Lamparina" Completo
Serviço
O Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:
Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim
Telefone: (12) 3634-3446
Horários: aberto aos sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Agendamento de grupos de terça-feira a domingo das 9h às 16h.
Ingressos: R$11,00 (inteira) e R$6,00 (meia entrada para estudantes, professores, idosos acima dos 60 anos e pessoas com deficiência).