Afinal, os filmes de Mazzaropi tinham qualidade?
No Museu, de vez em quando, um visitante comenta: “Gosto do Mazzaropi! Mas os filmes eram meio precários né?”.
Falsa impressão que vale uma prosa.
Por exemplo, sobre os cenários tem gente que os acha simplórios.
O próprio Mazzaropi pode explicar o caso dos cenários, já que ele mesmo fez muito cenário para o teatro, desde o início da carreira.
Ele conta que na estreia do filme “Jecão, um fofoqueiro no céu”, numa entrevista para a imprensa, um jornalista o interpelou dizendo que justo agora que ele tinha um estúdio de cinema de verdade (um novo estúdio nos moldes de outros países), podia ter caprichado mais no cenário do céu e do inferno! Um inferno feito com papel laminado vermelho? Era muito mixuruca!
Mazzaropi respondeu na lata: “Bom, primeiro eu queria dizer para o senhor que eu nunca estive no inferno. Nem no céu. Então, eu não vou poder discutir com o senhor se meu cenário ficou parecido ou não com os originais. Mas eu digo o seguinte: o cinema que eu faço vem do teatro. Meu cenário não é pra enganar o público, como esse bonecão de borracha (falava de “Tubarão”, de Spielberg, que também acabava de estrear). No teatro, o espectador sabe que o cenário não é real e isso não importa, é um faz de conta. Nos meus filmes é a mesma coisa.”
Imagem e som de baixa qualidade?
Quem conheceu os filmes de Mazzaropi a partir dos anos 80 e 90, em videocassete ou DVD, assistiu a um material copiado das fitas de vídeo que circulavam pelas TVs, ou seja, um material que já tinha menos qualidade que o filme no cinema. Mas era o que existia de disponível àquela época e pode ter influenciado nessa ideia de que os filmes de Mazzaropi eram meio escuros e o som não tão definido.
Apesar disso, as fitas de vídeo e dvds foram um sucesso de vendas durante quase 30 anos no mercado de locadoras de vídeo.
Começa a restauração dos filmes
Em 2006, o Museu Mazzaropi conseguiu, com o apoio da Cinemateca Brasileira e patrocínio do Programa Petrobrás Cultural, a restauração de quatro filmes (ele fez 32).
Pouco depois, vários filmes foram digitalizados a partir das películas originais e isso deu um salto de qualidade na imagem e som e chegou mais perto do que eram seus filmes no cinema.
São essas cópias digitais que hoje o público assiste na TV e no canal do Museu Mazzaropi no Youtube.
Assista Filme Completo Restaurado
A qualidade vem se recuperando.
Com a melhoria da qualidade dos filmes digitalizados ou restaurados, fica mais patente o trabalho da equipe de técnicos e profissionais que Mazzaropi contratava, sempre os melhores.
E também a diferença que fez o uso de excelentes equipamentos. A câmera Mitchell que ele usou em “Jecão, um fofoqueiro no céu” era igual à do filme “Tubarão”, de Spielberg.
Em cenas que exigiam mais mobilidade eles usavam uma câmera Arriflex IIC. Era o que tinha de mais avançado para câmeras mais portáteis que a Mitchell. Ela foi importada por Mazzaropi direto da Alemanha, onde é fabricada. Quando chegou no estúdio em Taubaté, o fotógrafo Virgílio Roveda, encarregado de montá-la, descobriu que o manual estava em alemão. Por sorte, a atriz Elizabeth Hartman sabia o idioma e traduziu o manual.
Restaurar todos os filmes
Esse é o sonho.
Recentemente o Museu Mazzaropi manteve tratativas com a Cinemateca Brasileira para retomar o projeto de restauração dos filmes de Mazzaropi.
É um esforço que vai demandar o apoio de empresas e da sociedade. Mas vai valer a pena assistir os filmes com a mesma qualidade de quando foram lançados.
Serviço
O Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:
Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim
Telefone: (12) 3634-3446
Horários: aberto aos sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Agendamento de grupos de terça-feira a domingo das 9h às 16h.
Ingressos: R$11,00 (inteira) e R$6,00 (meia entrada para estudantes, professores, idosos acima dos 60 anos e pessoas com deficiência).