Novembro é o mês da Consciência Negra.
E Mazzaropi, com o seu jeito único, sempre dedicou seus filmes aos grandes temas daquilo que acontecia na sociedade brasileira.
Em abril de 1978, Mazzaropi lançou “Jeca e seu filho preto”, o 30o filme da carreira com uma história que tinha como tema principal o preconceito racial, circundado por outras questões que Mazzaropi sempre colocava em seus filmes, como a exploração do trabalhador rural, os imigrantes no país, os poderes constituídos, neste filme o poder judiciário e, sempre que dava, uma demonstração da sua paixão pelo Corinthians.
Manifestação
Naqueles anos, os movimentos negros vinham se intensificando com atos públicos e protestos que culminaram na manifestação nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, em julho de 1978, e que resultou na formação do Movimento Negro Unificado.
Sucesso de Bilheteria
O filme foi um grande sucesso com quase três milhões de espectadores. Segundo os dados da Embrafilme, hoje Ancine, o filme está na lista dos 32 filmes lançados na década de 1970 que registraram mais de 2 milhões de espectadores. Aliás, nessa lista, Mazzaropi aparece com mais 8 produções.
Crítica
Na época do lançamento, contam que durante uma entrevista coletiva, um jornalista perguntou sobre a razão de se fazer um filme sobre racismo, se no Brasil não existia racismo. Mazzaropi, acostumado às dificuldades de diálogo com parte da crítica jornalística que dizia que seus filmes eram alienantes, respondeu: “O senhor tem razão! No Brasil não existe racismo… até o dia em que a filha branca chega em casa e anuncia que quer se casar com um moço preto”.
O Filme
Essa é a história central do filme no qual Mazzaropi interpreta Zé, empregado do fazendeiro Seu Cheiroso, que não quer que sua filha namore o filho de Zé porque ele é preto.
O espectador fica meio atrapalhado, como Zé pode ter um filho preto, Antenor, sendo sua mulher, Dona Bomba, branca? “É coisa de Deus”, é assim que todos tratam e é a única explicação para Dona Bomba ter gêmeos, um branco e o outro preto.
Não vamos contar a história mas, no final, a coisa toda se explica.
No começo do filme, uma sequência de cenas da cidade de São Luiz do Paraitinga vai criando o ambiente para a história e é curioso, na longa cena da ponte, com os moradores passando pra lá e pra cá, a chegada de um grupo de ciganos. Não se vê nenhum estranhamento por parte dos moradores e nem do lado dos ciganos que chegam felizes. E, no decorrer do filme, as pessoas se apressam para não perder um minuto das apresentações dos ciganos. Uma visão do cineasta sobre como a paz poderia ser.
Politicamente Incorreto
Mas o filme não fica nisso. O próprio Mazzaropi na figura do Zé, escorrega em questões que hoje seriam consideradas politicamente incorretas. É preciso ver o filme com o olhar da época e não se levar tanto a sério, afinal, é humor, é Mazzaropi.
De qualquer modo, do seu jeito, dá pra pensar que Mazzaropi gostaria de ver uma sociedade justa onde a diversidade racial fosse respeitada e o ser humano valorizado.
Assista a uma Cena do Filme
Serviço
O Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:
Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim
Telefone: (12) 3634-3446
Horários: aberto aos sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Agendamento de grupos de terça-feira a domingo das 9h às 16h.
Ingressos: R$11,00 (inteira) e R$6,00 (meia entrada para estudantes, professores, idosos acima dos 60 anos e pessoas com deficiência).