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Mazzaropi foi um visionário do cinema brasileiro

Quando se fala em Mazzaropi, vem logo a imagem do caipira que levava alegria para todo o Brasil. O que muitos nem imaginam, é que, além de ator, Mazzaropi foi um visionário do cinema brasileiro.

O ator, diretor, roteirista, cenógrafo e produtor Mazzaropi criou uma autêntica indústria de cinema independente onde cuidava de todas as etapas da realização de um filme: do roteiro à produção, fazia também a divulgação e distribuição com recursos próprios provenientes da renda de bilheteria do filme anterior. Um modo de fazer cinema que merece ser estudado, um caso de empreendedorismo da época que pode inspirar outras formas e iniciativas no campo do audiovisual, além de ser um estímulo à vida mais criativa.

Mazzaropi checa o enquadramento durante gravação do filme Zé do Periquito, de 1960.

Mazzaropi não vinha de família abastada e só contava com seu próprio trabalho. No cinema, começou como ator, mas observava tudo e todos, principalmente a produção do filme. Ele dizia que quem “ficava com a bufunfa” era o produtor e começou a planejar o dia em que produziria seus filmes. Estava convicto que conseguiria e, quando chegou a hora, resolveu apostar tudo que tinha para fazer o filme Chofer de Praça, primeira produção da PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi). Para isso, cortou despesas, vendeu o carro e tudo que tinha, menos a casa. Foi um aperto muito grande.

Na foto vemos Mazzaropi aos 20 anos de idade. Época em que lutava para conquistar seu espaço.

O sucesso de bilheteria acabou confirmando um modelo próprio de fazer cinema que não contava com recursos públicos ou patrocínios e exigia um firme controle nos custos de produção, o que lhe deu a injusta fama de pão duro. Entretanto, todos que trabalharam com Mazzaropi afirmam que ele sempre pagou o combinado. Pode parecer pouco, mas naquela época era comum a equipe de um filme não receber o acertado.

Com o tempo, além de produzir, Mazzaropi passou a distribuir seus filmes.

Montou escritórios em todas as capitais do país com uma equipe de fiscais que levavam as películas até os cinemas mais distantes e ali eles controlavam a venda dos ingressos para evitar fraudes do tipo o público não passar pela roleta ou o cinema vender o mesmo bilhete mais de uma vez.   

O dono do cinema não gostava da presença do fiscal mas aceitava porque filme de Mazzaropi era sinônimo de casa lotada. 

Um grande público se aglomera em frente ao Cine Art Palácio na estréia do filme O Noivo da Girafa, em 1957.

Os filmes eram sempre pensados para se obter censura livre e a família toda poder assistir. Isso ajudava nos custos da divulgação pois bastava um saber para levar 3 ou mais ao cinema.

Essa são algumas das muitas histórias inspiradoras de como Mazzaropi fazia cinema.

Para que Mazzaropi continue a estimular novas formas de se fazer cinema, foi criado o Festival Mazzaropi de filmes de curta-metragem.

Nesta segunda edição, abril 2020, o Festival trará para a cidade de Taubaté alguns dos filmes mais representativos da produção atual.

Descubra mais sobre o Festival e a vida e obra do artista em www.museumazzaropi.org.br e visite o Museu Mazzaropi, em Taubaté, onde ficavam seus estúdios de cinema.

SERVIÇO

Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:

Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim

Telefone: (12) 3634-3447

Horários: terça a domingo, das 8h30 às 12h30. Fechado às segundas-feiras.