Candinho
Um caipira, apaixonado pela irmã de criação, abandona a fazenda do pai adotivo e tenta sobreviver em São Paulo onde termina por encontrar a amada numa boate e decide retornar ao local de origem em busca de um tesouro que lhe fora deixado por sua verdadeira mãe.
1º rolo: Livro sendo aberto (letreiros de apresentação) até cartela: “Foi por volta de 1926 que Candinho nasceu, isto é, que Candinho apareceu…”. Fazenda com criação de gado. Avisados pela empregada, Dona Manuela, o Coronel Quinzinho, sua irmã Eponina e Dona Antonieta encontram, à beira do rio, uma criança dentro de um cesto. Resolvem adotá-lo e nomeiam-no Candinho, já que Moisés não foi um nome aprovado. Cartela: “Porém, três anos depois… Dona Antonieta dá luz a um casal de gêmeos. Dona Manuela comenta que Candinho acaba de perder as regalias da casa. Com efeito, Candinho, já crescido, brinca no meio dos porcos. Cartela: “Vinte anos depois…”. Candinho mora em um casebre de pau-a-pique, é meio desastrado mas bem pouco preguiçoso e muito caipira: um bode lhe atira na água, Professor Pancrácio recomenda-lhe otimismo, cuida do milharal, ordenha as vacas, debaixo do sol ou de chuva rega os canteiros, “batiza” o leite com água, recolhe os ovos, conversa com todos os animais, sempre recebendo seguidas ordens de Dona Manuela. O almoço da família do Coronel é servido por Candinho. Professor Pancrácio e Coronel Quinzinho comentam sobre a política republicana e suas repercussões numa fazenda mineira. Candinho, por intermédio de uma gozação feita por Quincas, filho do coronel e irmão de Filoca, derruba a sopa em Pancrácio e recebe um castigo. Depois do almoço, enquanto todos dormem e roncam nas redes da varanda, Filoca desobedece o pai e procura Candinho preso em seu casebre. Quando trocam inocentes beijinhos, o casal é flagrado pelo Coronel Quinzinho que termina por bater na filha. Dona Manuela aconselha Candinho a procurar seus pais verdadeiros. Com emoção geral, Candinho se despede e parte com seu burrico Policarpo. Na estrada, canta (“Meu Policarpo”). Atravessa um rio de balsa e chega, ridicularizado, em um vilarejo pois algumas crianças haviam dependurado uma placa com os dizeres “Viva o general da banda” no traseiro de seu burrico. Um grupo de violeiros e dançarinos de fandango se apresentam na praça local, entusiasmando Candinho que, ovacionado por uma platéia atenta, canta ( “O que ouro não arruma”). Porfírio, filho de um fazendeiro metido a pistoleiro, provoca Candinho que, reagindo, coloca o sujeito fora de ação. Candinho é preso e conduzido à delegacia cujo delegado decide expulsá-lo da cidade. Um tabelião, Vicente, conhecedor da história de Candinho, promete-lhe ajuda. (339 m)
2º rolo: O delegado conduz Candinho a um trem de carga que sai de Piracema e chega a São Paulo, a grande metrópole de prédios e mais prédios, trânsito infernal, multidões nas ruas. Candinho passa por um sanatório de loucos, é ridicularizado pelos alienados, continua à procura de sua verdadeira mãe pelas praças públicas mas termina em uma delegacia sendo confundido com um tarado que ameaça a cidade. Fica preso ao não provar sua nacionalidade brasileira devido a ausência de “documentos”. Em uma praça pública, Candinho se escandaliza com casaizinhos em namoro, encontra o mendigo Pirulito, com quem divide a alimentação e compartilha os bancos do jardim. No dia seguinte, Pirulito o leva até à “Penção (sic) dos Artistas” onde se reúnem atores, equilibristas e um atirador de facas. Dona Hermione, a dona da pensão, observa intrigada o medalhão que Candinho carrega no pescoço desde seu aparecimento na fazenda. Alojados em um quartinho dos fundos, Candinho para sobreviver passa a vender bananas na rua. Vira pipoqueiro, depois vendedor de balão, salva um garoto, filho de um ricaço, de atropelamento, mas ainda assim a situação financeira é difícil. Com Pirulito, encena uma caça à cobra como propaganda da venda de um tira-manchas. O fracasso é total: um dia queimam o paletó de um suposto cliente, em outro, provocam uma explosão. Sem dinheiro, são expulsos pela dona da pensão que exige o burrico como pagamento da dívida. Numa igreja, Candinho e Pirulito pedem uma graça a Santo Antonio. Na saída, encontram Pancrácio, esmolando, que os leva até sua casa onde se revela falso mendigo. Candinho, pelo menos, recebe notícias de Filoca que fugira da casa e se encontra em São Paulo, tentando virar bailarina. Candinho passa a procurá-la: numa primeira academia de dança é rodeado por uma bela turma de bailarinas mas não encontra Filoca. (300 m)
3º rolo: Noite alta, Candinho e Pirulito roubam o burrico da pensão. Professor Pancrácio, com seus disfarces de mendigo, usa Pirulito como “partner”, enquanto Candinho continua sua busca inútil em um teatro de variedades. Para Pancrácio, a receita das esmolas é farta. Candinho, finalmente, encontra Filoca: na cidade boêmia, servindo a um “caften” de boate. Mesmo envergonhada, Filoca concorda em visitar o Professor Pancrácio, sabendo que os olhos simples e ingênuos de Candinho não percebem sua condição atual. Na boate, Candinho se torna guardião de Filoca, mesmo com os diversos “ensaios” que ela tem de fazer com seu “caften”. Em uma praça pública, Filoca e Candinho são fotografados. Candinho tenta, em vão, persuadi-la a mudar de vida pois o emprego de “bailarina” é muito complicado. Pancrácio tenta avisá-lo da situação “desonesta” de Filoca mas Candinho, indignado, prefere continuar, dia após dia, sendo enganado pelos “ensaios” de Filoca fora da boate. Uma noite, ao invés de ficar com o seu “caften”, Filoca resolve voltar para casa com Candinho. No dia seguinte, Filoca prepara uma lauta refeição na qual, surpreso, Candinho descobre um mapa de tesouro no interior do medalhão. Todos arrumam as malas dispostos a retornarem a Piracema. Partem. Uma comitiva oficial, com banda de música e grupo de escola, recepciona um deputado em visita, fazendo com que a turma de Candinho, por um momento, imaginasse tratar-se de uma recepção preparada em homenagem a eles. Vicente, o tabelião, decide ajudá-los na busca do tesouro. Através de mapas, localiza o lugar exato mas com ele a certeza de que a mãe de Candinho de há muito falecera de desgosto. De madrugada, invadem a propriedade onde o tesouro está escondido. Santo Antonio os salva de um cachorro policial, afugentando assim o capataz da fazenda. Cavam no local marcado durante horas. Candinho novamente apela para Santo Antonio e acidentalmente tropeça na alça de um baú enterrado que, quando aberto, já em casa, revela ser Candinho o herdeiro das terras do Coronel Quinzinho, outrora oferecidas como hipoteca à mãe do herói. O fato serve como ameaça ao coronel que, sabedor do caso, concorda de imediato com o casamento de Candinho com Filoca e de Pancrácio com sua irmã Eponina, regados a champanha, terminam com Candinho cantando ( “O que ouro não arruma”). Um cortejo nupcial em direção à igreja dá prosseguimento às festivas cerimônias. (392 m)
Fonte: Cinemateca Brasileira
Elenco
Amácio Mazzaropi (Candinho) • Marisa Prado (Filoca) • Ruth de Souza (Dona Manuela) • Adoniran Barbosa (Professor Pancrácio) • Benedito Corsi (Pirulito) • Xandó Batista (Vicente) • Domingos Terra (Coronel Quinzinho) • Nieta Junqueira (Dona Eponina) • Labiby Madi (Dona Fermione) • Ayres Campos (delegado) • Sydnea Rossi (Dona Antonieta) • John Herbert (Quincas) • Salvador Daki (Lalau) • Manoel Pinto • Abílio Pereira de Almeida • Pedro Petersen • Luiz Calderaro • Nélson Camargo • Antônio Fragoso • Tito Lívio Baccarin • Maria Luiza Splendore • Eugênio Montesano • Lourenço Ferreira • Jordano Martinelli • o cão Duque • Artur Herculano • Figurinha (monociclo e malabares) • Antônio Miro • Cavagnole Neto • Izabel Santos • China • Maria Olenewa Ballet
comédia, ficção; 95 minutos; censura livre
Cia. produtora: Companhia Cinematográfica Vera Cruz
Distribuição: Columbia Pictures
Direção: Abílio Pereira de Almeida
Assistente: Cesar Mêmolo Jr. e Léo Godoy
Argumento: Abílio Pereira de Almeida
Roteiro: Abílio Pereira de Almeida
Diretor de fotografia: Edgar Brazil
Operador de câmera: Jack Mills
Assistente de câmera: Jaime Pacini
Supervisor de produção: Vittorio Cusane
Diretor de produção: Cid Leite da Silva
Assistente de produção: Rigoberto Plothow
Engenheiro de som: Erik Rasmussen
Assistente: João Ruch Filho
Técnico de gravação: Ernest Hack
Montagem editor: Mauro Alice
Assistente de montagem: Katsuichi Inaoka
Chefe eletricista: Hector Femenia Santa Maria
Contra-regra: Fernão J. Lomea
Cenografia: Antônio Gomide
Assistente de cenografia: Abigail Costa Belloni
Construções: José Dreos
Maquilagem: Jerry Fletcher
Música e arranjos: Gabriel Migliori
Canções: “O gato garnisé”, de A. Almeida e L. Gonzaga; “Não me diga adeus”, de F. da Silva Correa e Luiz da Silva; “Ave Maria do morro”, de Herivelto Martins; “Vida nova”, de Borba S. Rubens; “É bom parar”, de Rubens Soares (copyright I. Vitali); “O orvalho vem caindo”, de Noel Rosa & Kid Pepe; “Mamãe eu quero”, de Vicente Paiva e Jararaca (copyright Mangione); “A saudade mata a gente”, de Antonio de Almeida e João de Barros; “IV centenário”, de Mário Zan e J. M. Alves (copyright U-B-C); “O que ouro não arruma”, de Mário Vieira; “Meu Policarpo”, de Mara Lux e Reinaldo Santos
Continuidade: Yolanda Menezes
Estúdio filmagem: Cia. Cinematográfica Vera Cruz (São Bernardo do Campo, SP)
Laboratório imagem: Rex Filme
Sistema cor: b x p
Sistema sonoro: R.C.A.
Metragem: 2.261 m filmado em 35 mm, em 24 q
Local de produção: São Paulo, SP
Ano de produção: 1953
Lançamento: 25/01/1954, cine Art Palácio e circuito de 25 salas