Quem conhece os filmes de Amácio Mazzaropi talvez não consiga imaginar a quantidade de desafios que o cineasta teve de passar ao longo de sua carreira para chegar ao sucesso. Dificuldades muitas vezes contornadas no limite do improvável.
Mazzaropi, dono de Circo!
Certa vez, ainda na juventude, Mazzaropi decide retomar a vida nos palcos. Após juntar algumas economias, o jovem artista aluga equipamentos e acessórios para a composição de um espetáculo circense, além de contratar artistas. O local escolhido para retomar a carreira no circo foi em um terreno ao lado de uma igreja em Pindamonhangaba, cidade vizinha à Taubaté.
Um Conflito na Cidade Espantou o Público
Estava tudo pronto. As expectativas também. A noite da estreia foi com a peça “Veneno da Cobra”, um sucesso com o pavilhão lotado durante várias noites. Mas a sorte parecia não estar ao lado de Mazzaropi. Um desentendimento entre a população da cidade e a polícia do Exército deixou as pessoas com receio de saírem às ruas novamente. O acontecido era tudo que Mazzaropi não precisava, afinal, o artista investiu todas as suas economias para a retomada de um sonho.
Sem público, o espaço permaneceu às moscas durante o restante da temporada. Quando a calmaria retornou ao local, o padre da cidade pediu o terreno onde estava instalada a estrutura do circo. Sem o desejo de criar inimizades com a autoridade religiosa, Mazzaropi entrega a área para que a procissão do Encontro possa ser realizada.
Falência? As Contas Não Fecharam
No entanto, o artista precisava despachar equipamentos alugados para a estação. Ao fazer balanço financeiro do espetáculo, Mazzaropi percebeu que o dinheiro arrecadado na desastrosa temporada não seria o suficiente para cobrir os custos do despacho dos equipamentos que seriam levados de trem até São José dos Campos, além de não conseguir pagar os artistas contratados para o trabalho.
Mazzaropi se viu em um beco sem saída. O prazo para realizar o despacho era curto. Se passasse do período teria que arcar também com os valores do armazenamento dos equipamentos.
Solução: Hipoteca ou Empréstimo?
Sem ter com quem se abrir e dizer que estava sem dinheiro, Mazzaropi seguiu pelas ruas da cidade desolado, enquanto os artistas contratados para o espetáculo aguardavam no hotel para receber o dinheiro pelo trabalho realizado. A única que sabia de toda a situação era sua mãe. Conversando com ela, Mazzaropi sugeriu que hipotecassem uma casa que tinham em Taubaté. Parecia ser a única solução para resolver o problema.
Mazzaropi foi até a casa de um amigo com habilidades na venda de imóveis para formalizar a negociação. Não foi preciso hipotecar. Conseguiu o empréstimo de 8 mil cruzeiros para serem pagos no prazo de seis meses. Com dinheiro necessário em mãos, o artista consegue arcar com o despacho dos equipamentos para São José dos Campos.
Passado o sufoco, Mazzaropi voltou aos espetáculos e em oito dias conseguiu devolver o dinheiro ao grande amigo que lhe ajudou.
* Esta história foi publicada originalmente na coluna MAZZAROPI – O CAIPIRA FILOSOFO, do jornal A Hora, de 20 de agosto de 1952.
Filme “Betão Ronca Ferro”
Você sabia que o filme Betão Ronca Ferro, lançado em 1970, tem passagens inspiradas na própria trajetória e dificuldades que Mazzaropi viveu em sua época de circo? Clique abaixo para assistir a este filme completo grátis no Youtube do Museu Mazzaropi!
Serviço
O Museu Mazzaropi fica em Taubaté/SP no endereço:
Estrada Amácio Mazzaropi, 249 – Itaim
Telefone: (12) 3634-3447
Horários: aberto aos sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Agendamento de grupos de terça-feira a domingo das 9h às 16h.
Ingressos: R$11,00 (inteira) e R$6,00 (meia entrada para estudantes, professores, idosos acima dos 60 anos e pessoas com deficiência).